DEG Descomplica | com Hugo Castro Silva e António Ribeiro
No passado dia 1 de Maio, comemorou-se o Dia do Trabalhador e estando o DEG ativamente envolvido no estudo da economia, do empreendedorismo e da economia da inovação ao nível da empresa, fomos descomplicar o tema com os Professores Hugo Castro Silva e António Ribeiro.
Qual a importância do estudo da economia da inovação?
O estudo da economia da inovação é importante porque o progresso tecnológico é um dos principais impulsionadores do desenvolvimento económico. A compreensão dos fatores económicos que influenciam a inovação pode informar políticas e estratégias que promovem a inovação e o empreendedorismo para melhorar os resultados económicos. Além disso, a economia da inovação também pode ajudar a explicar a razão pela qual algumas empresas, regiões ou indústrias são mais inovadoras do que outras e pode informar estratégias para promover a inovação e o progresso tecnológico em diferentes contextos.
Como podem as empresas inovadoras, reter os seus melhores recursos humanos?
Hugo Castro Silva e Francisco Lima estudaram como empresas que utilizam conhecimento avançado (geralmente as mais inovadoras) podem aplicar práticas de recursos humanos para reter os trabalhadores mais qualificados.
As pequenas empresas intensivas em conhecimento têm dificuldade em manter seus melhores funcionários, o que prejudica seriamente sua capacidade de inovar e crescer, colocando-as em grande desvantagem em relação às grandes empresas. O recurso às melhores práticas de recursos humanos ajuda a reduzir esta lacuna, mas está longe de eliminá-la.
Esta investigação destaca a importância de políticas para ajudar as pequenas empresas na retenção de indivíduos altamente qualificados, de modo a promover a inovação e o crescimento económico.
Pode o empreendedorismo estar a provocar desigualdades salariais?
António Ribeiro, Rui Baptista e Francisco Lima examinaram o impacto do empreendedorismo e das ocupações criativas na desigualdade salarial nos mercados de trabalho regionais. Neste estudo, os investigadores verificaram maior desigualdade nas regiões onde há mais novas empresas e onde há mais trabalhadores em empregos criativos.
Apesar das empresas jovens pagarem, no geral, salários mais baixos do que a média, os investigadores verificaram que essas empresas tendem a apresentar diferenças salariais maiores entre os trabalhadores mais bem pagos e os mais mal pagos.
A outra face da moeda é que nas novas empresas a proporção empregos bem remunerados é maior do que nas empresas mais antigas. Isto significa que a fonte da desigualdade não vem da criação de empregos de menor qualidade. O estudo recomenda que os decisores de políticos considerem o potencial do empreendedorismo para impulsionar a criação de empregos, juntamente com sua possível conexão com uma maior desigualdade salarial, de modo a encontrar o ponto de equilíbrio.